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Estudo publicado na revista Science indica que o volume para consumo diário de água é determinado por diversos fatores como sexo, idade, aspectos físicos, umidade do ar, temperatura e até mesmo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Nesse sentido, pode não existir uma quantidade ideal ー como os famosos dois litros diários ー, já que a influência de múltiplos pontos modifica a necessidade de cada indivíduo. Porém, independentemente das divergências sobre o assunto, a única verdade absoluta, até o momento, é a seguinte: não se hidratar ou negligenciar o ato simples, porém precioso, de beber água, pode, de fato, provocar sérios prejuízos à saúde.
E por falar em falta de hidratação, ela é recorrente na rotina de muitos foliões durante o Carnaval. Eles saem de bloco em bloco, a pé, debaixo de um sol escaldante e, com isso, chegam a ficar horas a fio sem ingerir um copo d’água sequer. Essa postura pode causar desde sintomas leves como sede mais intensa e redução do volume urinário até, acredite, sintomas mais graves, quando a desidratação é muito extrema. Entre eles, irritabilidade, injúria renal aguda, cálculos renais, confusão mental, e em alguns casos, febre.
Para que o organismo se mantenha funcionando, as reações bioquímicas do nosso corpo necessitam da água e são fundamentais: desde a troca de CO2 por O2 na respiração até a digestão. Ela [água] transporta nutrientes e oxigênio pela corrente sanguínea, mantém a concentração correta para a manutenção do equilíbrio eletrolítico e ácido-base, regula a temperatura corporal, preserva a estrutura celular, além de ser vital para a excreção de substâncias tóxicas pela urina e fezes. Pesquisas, inclusive, apontam, que a água é tão crítica para a vida que, se o indivíduo perder mais que 4% da água corporal total, os sintomas de desidratação irão surgir e, se houver uma perda maior que 15%, ela pode ser fatal. Nesse sentido, a hidratação, com água, água de coco e sucos 100% naturais, principalmente para quem vai sair de casa para pular Carnaval, é ideal para que a pessoa possa manter-se disposta.
E engana-se quem acha que bebidas alcoólicas são hidratantes, muito pelo contrário: o álcool inibe o hormônio antidiurético, fazendo com que a pessoa urine mais. Com isso, ela fica suscetível a se desidratar, já que uma das formas de perda de água no organismo é justamente pela urina. Logo, a postura mais assertiva para quem vai tomar umas cervejinhas e drinques na festa dos blocos de Carnaval, é não deixar de levar uma garrafinha d’água para intercalar as bebidas com a hidratação correta.
É importante ainda ficar alerta para os sinais da desidratação. Além da sensação de sede, principal mensagem do corpo sinalizando que ele está sem água, o importante é perceber não só a diminuição do volume urinário como também a coloração da urina. O parâmetro é que ela [urina] esteja com uma coloração mais amarelo clarinho. Se ficar com uma cor de amarelo concentrado, é sinal de que você está desidratado ou se desidratando.
Quanto ao mito de que excesso de água também pode ser prejudicial, isso vai depender muito do contexto. Pacientes com insuficiência cardíaca ou doença renal crônica em diálise, por exemplo, devem controlar o volume [de água] que ingerem por dia. Isso porque a quantidade demasiada, nesses casos, pode provocar consequências severas. Já para uma pessoa sem problemas de saúde, é pouco provável que ela apresente complicações ocasionadas por hidratação intensa. No mais, deixo a seguinte dica: água é sempre bem-vinda. Assim como as plantas precisam dela para crescer e sobreviver, o mesmo se aplica ao nosso corpo.
Leandro Soares, nefrologista