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Uso prolongado de dispositivos móveis pode causar lesões nas mãos

Não tem como negar que os smartphones, tablets e computadores tornaram-se onipresentes na sociedade. Seja através das espiadinhas nas redes sociais, uso para transações financeiras/compras na internet, mensagens em grupos de trabalho (e da família), reuniões online de última hora, eles se tornaram parte integrante do nosso dia a dia. Não é à toa que o Brasil é o segundo país do mundo onde a população mais gasta tempo exposta às telas: mais da metade das horas em que está acordada, o que corresponde a aproximadamente nove horas e 32 minutos do dia com os olhos colados em displays. O dado é de um levantamento da Electronics Hub. Em primeiro lugar, aparece a África do Sul. Esse comportamento, porém, pode apresentar riscos à saúde das mãos.

Isso porque, o uso excessivo a longo prazo de dispositivos móveis, pode acarretar em Lesões por Esforço Repetitivo (LER), o que inclui lesões nos tendões, músculos e articulações, causando dor e desconforto. As tendinites são os exemplos mais famosos dessas manifestações. Outra consequência do excesso, é a Síndrome compressiva nervosa no punho e mão. Como exemplo temos a síndrome do túnel do carpo, que é caracterizada por dor, dormência e formigamento nos pulsos, mãos e dedos. Essa síndrome, infelizmente, pode ser agravada pela posição do pulso e pelo movimento repetitivo das mãos, quando utilizamos os dispositivos eletrônicos com muita frequência.

O uso prolongado de aparelhos com telas sensíveis ao toque pode levar ainda uma condição chamada Dedos de Gatilho, na qual os dedos assumem uma postura curvada ou tensionada, com sintomas de travamento.

A degeneração muscular e articular, marcada pela sobrecarga constante nos músculos e articulações das mãos é outro problema em uma situação de excesso do uso de celulares. Ela pode levar à degeneração progressiva, resultando em problemas musculoesqueléticos crônicos acometendo as cartilagens dos dedos e ossos das mãos, causando no futuro as “artroses”. O posicionamento contínuo em uma posição não correta, pode ainda causar problemas vasculares, marcados pela compressão constante dos vasos sanguíneos nas mãos. A pressão excessiva, alterações posturais e dores crônicas, também podem ser adquiridos em função do grande volume de horas na frente dos dispositivos móveis. Embora alguns danos físicos sejam irreversíveis, muitos podem ser gerenciados e até mesmo revertidos com a adoção de práticas saudáveis e a busca de tratamento adequado. É importante fazer pausas regulares durante o uso de dispositivos, entre elas se levantar, esticar os músculos, fazer movimentos de alongamento e descansar as mãos e os pulsos. Também destaca é fundamental ajustar a configuração ergonômica da estação de trabalho, como a altura da cadeira, posição do teclado e altura da tela, para reduzir o estresse nas mãos e pulsos; e usar dispositivos como teclados e mouses projetados para reduzir a tensão nos músculos e articulações. A massagem terapêutica e a fisioterapia podem ser benéficas para aliviar a tensão muscular e melhorar a circulação sanguínea nas áreas
tensionadas.

É recomendado que haja redução do tempo de uso de dispositivos móveis sempre que possível. Estabelecer limites é o primeiro passo para evitar problemas maiores na saúde física das mãos e demais partes do corpo. Vale também reservar momentos para atividades que não envolvam o uso de mecanismos eletrônicos. Se os sintomas persistirem, deve-se procurar orientação de um profissional de saúde, especializado em problemas musculoesqueléticos. Eles podem prescrever tratamentos específicos, como terapia ocupacional, splints
(talas) ou outros métodos para ajudar na recuperação.

Pietro Romaneli, ortopedista