Central de Atendimento
Especialista acredita que algumas pessoas podem se sentir mais vulneráveis com o retorno da rotina sem o uso do protetor facial, principalmente para quem sofre com Transtorno de Ansiedade, TOC, Transtorno Hipocondríaco, entre outros. Isso ocorre porque, quem já possui algum tipo de adoecimento psíquico, lida constantemente com angústia e preocupação excessiva, que podem ser atrelados a pensamentos obsessivos e intrusivos ou não.
Vários estados e cidades brasileiras já estão desobrigando o uso de máscaras. Aqui em Minas, a Secretaria de Estado de Saúde anunciou recentemente, que a partir de 1º de maio, também não irá exigir o acessório em locais fechados. Até lá, segundo já orientado pela pasta, o uso da proteção facial deve ser condição obrigatória em cidades que não alcançarem ao menos 80% da população acima de 5 anos com o ciclo vacinal contra a Covid-19 completo, assim como 70% com a aplicação do reforço.
Entretanto, uma questão que vem à tona agora é a seguinte: depois de um longo período usando a máscara como uma das proteções essenciais contra o Coronavírus, retirá-la de forma abrupta – mesmo estando em queda os índices de contaminação pela doença no país – pode elevar o estresse e, consequentemente, gerar aumento da ansiedade para as pessoas com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), Transtorno Hipocondríaco e Transtorno de Ansiedade. “As pessoas que sofrem de ansiedade, por exemplo, possuem, naturalmente, dificuldade em se adaptarem às mudanças de rotina. Qualquer novidade pode gerar grande nível de estresse e angústia. Além disso, o medo patológico da própria contaminação pela Covid pode acentuar nesses casos. Essa situação pode gerar sintomas de pânico e ansiedade aumentada, por exemplo”, afirma a coordenadora de psicologia do Hospital Semper, Clícia Nascimento.
De forma mais específica, quem sofre com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ou hipocondria, de acordo com a psicóloga, pode ficar ainda mais vulnerável nesse momento, em que a proteção facial sai de cena, com o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras. “A insegurança aumenta quando não é possível garantir a não contaminação pela Covid-19, ainda que essa garantia não seja 100% nem mesmo com o uso obrigatório do acessório e com o distanciamento físico. Com isso, a retirada (das máscaras) pode acabar, portanto, trazendo insegurança para alguns.” salienta.
Ainda de acordo com Clícia, outro ponto importante a ser considerado, quando se diz respeito ao uso de máscara, é a questão estética. Isso porque muitos se apropriaram do uso do acessório como um instrumento capaz de auxiliar no processo de autoestima. “Ao longo desses dois anos, algumas pessoas criaram uma fantasia (uma falsa sensação) de bem-estar com a possibilidade de esconder certas características, consideradas negativas, no próprio rosto. Com isso, há quem tenha aprendido a olhar para as máscaras não só como um equipamento de proteção contra o Coronavírus, durante a pandemia, mas, também como um efeito de barreira para esconder o rosto, até mesmo as expressões faciais e emoções, a fim de evitar julgamentos alheios”, destaca a psicóloga.
Como lidar com a mudança
Para esse momento de transição no qual estamos reaprendendo a viver sem as máscaras, Clícia acredita ser fundamental que cada um respeite seu próprio tempo, além de ser importante respeitar o tempo do outro. “Uma característica muito predominante entre as pessoas que já sofrem de algum transtorno psicológico, por exemplo, é o medo de julgamentos alheios. Com isso, optar por continuar com o uso da máscara, quando a maior parte da população não utiliza mais o acessório, pode também não ser uma decisão fácil, por sofrerem antecipadamente temendo o estigma social, diante de um comportamento oposto à maioria. Isso pode potencializar os gatilhos para as crises e, consequentemente, o aumento do sofrimento psíquico”.
Entretanto, a psicóloga enfatiza que, ao contrário da obrigatoriedade do uso das máscaras – que foi implementado de forma impositiva no início da pandemia, – a retirada é algo que poderá ocorrer de forma mais leve, sem rigor e de forma mais flexível. Principalmente por estarmos lidando diretamente com uma crença particular e individual de cada sujeito. “É importante que cada um tenha seu próprio tempo para elaborar e ressignificar os novos hábitos e que cada um faça a mudança à sua melhor maneira e no momento em que sentir maior seguro para abolir o uso das máscaras. Não deve haver cobranças e/ou urgências, pois cada sujeito é atravessado por uma história de vida pessoal, assim como a pandemia foi vivenciada de forma muito particular por cada um de nós”, destaca.
Clícia finaliza dizendo que, durante esse período de transitoriedade, as pessoas que sentirem medo excessivo, crises de ansiedade e outros sintomas considerados psicopatológicos, podem procurar um profissional da área para melhor avaliação e condução do caso. Ela reforça ainda sobre a importância de uma avaliação médica, principalmente, para quem já possuía, antes mesmo da pandemia, algum distúrbio psíquico, devido a maior probabilidade de desencadear novas crises decorrentes do estresse emocional que esse momento pode ocasionar.
Assessoria de Imprensa do Hospital Semper – Agenda Comunicação