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Em agosto deste ano, a IFAB (International Football Association Board), órgão regulador do futebol, enviou um comunicado para as federações no qual proíbe jogadores menores de 12 anos de idade de cabecearem a bola intencionalmente durante as partidas. A nova determinação é parte de um ensaio realizado pela entidade e atende a recomendações e pesquisas da área médica sobre o desenvolvimento de doenças neurológicas à curto e longo prazo em decorrência do impacto constante na cabeça provocado pelo lance. A medida já é adotada nos Estados Unidos e Escócia. No Brasil ainda não há nada que regulamente a proibição.
O alerta é importante pois no momento do cabeceio, o cérebro, do ponto de vista da física, continua chacoalhando, e pelo impacto sofre pequenos traumatismos que chamamos de concussão. Vale destacar ainda que até os 25 anos ele [cérebro] está em formação, então quanto mais jovem o indivíduo sofrer com esses traumatismos, maiores as chances de desenvolver quadros neurológicos no futuro: Alterações cognitivas, motoras, perda de força nos membros, tremores, falta de equilíbrio e coordenação motora são alguns dos possíveis sintomas e sequelas causados justamente por choques repetidos com a cabeça. O paciente pode acabar desenvolvendo, com o passar dos anos, um quadro característico de demência, conhecido como Encefalopatia Traumática Crônica.
As indicações para o futebol profissional atual é de que após um choque de cabeça, o jogador atingido deve ser retirado de campo vide confirmação médica de concussão.
Na Copa do Mundo de 2014, inclusive, um dos casos mais famosos sobre o tema foi o do jogador Álvaro Pereira, do Uruguai. Durante uma partida contra a Inglaterra pela fase de grupos, ele ficou desacordado no gramado após um choque de cabeça, entretanto acordou confuso e se negou a ser substituído. Tempos depois admitiu amnésia logo após o lance, confirmando o caso de concussão, que deveria ter sido analisado com mais cautela.
Daniel Isoni – Neurologista e Coordenador do Departamento de Neurologia