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Segunda patologia degenerativa, crônica e progressiva do sistema nervoso central mais frequente no mundo, atrás apenas da Doença de Alzheimer, o Parkinson acomete, aproximadamente, quatro milhões de pessoas em todo o planeta, conforme aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS). A enfermidade, que geralmente começa a se manifestar em pacientes a partir dos 55 anos de idade, é causada principalmente pela morte das células do cérebro, em especial, na área conhecida como substância negra, responsável pela produção de dopamina, um neurotransmissor que, entre outras funções, controla os movimentos do corpo.
O sintoma mais marcante do Parkinson é o tremor, muito acentuado quando o paciente está em repouso e que tende a desaparecer sempre que ele inicia um movimento voluntário. Uma das primeiras coisas percebidas pelos familiares é que o doente demora mais tempo para fazer o que antes fazia com mais desenvoltura como, banhar-se, vestir-se, cozinhar, escrever (ocorre diminuição do tamanho da letra).
Outros sinais, que também podem estar associados ao início da doença, incluem rigidez muscular, redução da quantidade de movimentos, distúrbios da fala, dificuldade para engolir, depressão, dores, tontura e distúrbios do sono, respiratórios e urinários. Não há estudos fundamentados sobre a incidência do Parkinson no Brasil, mas estimativas baseadas em pesquisas internacionais projetam que, por aqui, 3% da população acima de 60 anos será acometida pelo problema.
Além da predisposição genética, doenças crônicas associadas aumentam o risco da enfermidade, entre elas obesidade, hipertensão arterial, diabetes, e maus hábitos de vida, como sedentarismo e tabagismo.
O Parkinson é uma doença incurável, pois, no cérebro, ao contrário do restante do organismo, as células destruídas não se renovam. A grande arma, hoje, da medicina para combater a enfermidade são os medicamentos que retardam a progressão do problema. Em alguns casos mais severos, há, ainda, a possibilidade de intervenção cirúrgica para controlar os sintomas motores.
O processo, se dá por meio de estimulação cerebral profunda, também chamada de DBS (do inglês Deep Brain Stimulation). Através da técnica de neuromodulação, eletrodos são implantados no cérebro para estimular ou inibir regiões cerebrais que estejam funcionando inadequadamente. Os dispositivos são conectados por finos fios a um gerador, por debaixo da pele, e este gerador é implantado abaixo da clavícula, à semelhança dos marcapassos cardíacos.
A Estimulação Cerebral Profunda não oferece uma cura definitiva para a doença de Parkinson, nem impede sua progressão. No entanto, representa uma forma altamente eficaz de devolver autonomia e independência aos pacientes.
O procedimento, apesar de ser indicado somente para casos específicos, tem sido cada vez mais difundido tanto na rede privada quanto na rede pública, em hospitais de referência. Porém, como prevenir é sempre melhor que remediar, o mais importante é que todos nós incorporemos bons hábitos de vida, como alimentação saudável e prática de atividade física, ainda na juventude, essenciais para diminuir as chances de incidência da doença.
Vale lembrar que os idosos representam, atualmente, quase 15% da população no Brasil. A estimativa é que até 2050, um terço dos brasileiros terá mais de 60 anos, conforme revela o IBGE. Portanto é mais que necessário pensar em ações e estratégias preventivas desde já. O custo com prevenção será sempre menor que as despesas com tratamento.
Ricardo Delfino, Neurocirurgião