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Especialistas em saúde e meio ambiente já alertaram há tempos que o aquecimento global tem relação estreita com o aumento de doenças como febre amarela, Chikungunya, problemas cardíacos e até asma. Em novo relatório, pesquisadores do Hospital Infantil da Filadélfia, nos Estados Unidos, incluíram uma nova enfermidade à lista: o cálculo renal, também conhecido como pedras nos rins. O estudo foi publicado em janeiro na revista Scientific Reports.
De acordo com os pesquisadores, se nada for feito para frear as mudanças climáticas que assombram o mundo e causam grandes desastres naturais, os casos envolvendo cálculos renais devem crescer 3,9% nas próximas sete décadas. Em um cenário onde medidas de mitigação são adotadas, o aumento é de 2,2%.
Como alguns casos da doença requerem internação e até intervenção cirúrgica, os cientistas que assinam a pesquisa também calcularam o quanto esse aumento de registros custaria ao sistema de saúde: a estimativa fica entre US$ 57 milhões a US$ 99 milhões.
A relação entre aquecimento global X ocorrência de pedras nos rins acontece devido a desidratação natural que o corpo sofre ao tentar manter a temperatura adequada em dias calor excessivo. Caso o nosso organismo tenha perda de água sem reposição, em dias muito quentes, há maior probabilidade de incidência dos cálculos renais. Por isso, a importância de se hidratar, principalmente no calor.
As pedras, por sua vez, são formadas por pequenos cristais insolúveis que normalmente já estão presentes na urina. O aumento da concentração urinária como resultado da desidratação crônica induzida pelo calor leva à concentração de sais insolúveis e a formação de cristais na urina, o que acarreta no desenvolvimento de cálculos renais.
Mas atenção: os cálculos renais surgem não apenas por perda de líquidos, mas também por outros motivos. A formação é multifatorial, há várias causas para isso: hábitos de vida sedentários, alimentação rica em produtos industrializados e a síndrome metabólica, por exemplo, também são fatores causadores do problema. Não é porque o aquecimento global está se agravando que todos nós vamos ter pedras nos rins.
SINTOMAS
O sintoma mais comum do cálculo renal é a forte cólica na região da lombar. Em um dia muito quente se perde mais suor, o rim produz menos urina, logo os cristais insolúveis presentes no trato urinário acabam ficando muito concentrados, formando o cálculo. Essa pedra tende a aumentar e sua movimentação no trato urinário pode causar cólica. Essa dor não é o único indício: náuseas, vômitos, sudorese, dor ao urinar e sangue na urina também podem estar presentes. O quadro de cólica renal é variável, mas normalmente se apresenta dessa forma. O cálculo renal também pode ser assintomático, descoberto em exames de rotina.
COMO EVITAR
Para evitar o problema de pedras nos rins, o ideal é manter-se hidratado corretamente, ingerindo de dois a três litros de líquidos por dia, além de praticar atividade física regular. Consumir moderadamente carnes vermelhas, juntamente com o controle de doenças metabólicas, como o diabetes, são outros caminhos da prevenção. O sal também pode contribuir para a formação do cálculo, então é recomendado evitar o consumo exagerado de alimentos embutidos, enlatados, ultraprocessados e em conserva. Hábitos de vida saudáveis evitam essas questões.
PROBLEMAS A LONGO PRAZO
Em alguns casos, o cálculo renal não tratado no tempo adequado pode obstruir o rim e levar à perda da função renal. Alguns pacientes precisam fazer hemodiálise por conta desse problema, o que é o pior desfecho possível.
Leandro Soares, Nefrologista.