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Musculação protege o cérebro e pode reduzir risco de demência em idosos

Estudo da Unicamp com 44 idosos revelou que a musculação, praticada duas vezes por semana, protege o cérebro contra atrofia e fortalece os neurônios

Com a expectativa de vida no Brasil atingindo 76,4 anos em 2023, segundo o IBGE, a qualidade do envelhecimento se torna uma preocupação crescente. A atividade física, além de fortalecer o corpo, também desempenha um papel essencial na saúde cerebral.

Um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) acompanhou 44 idosos com comprometimento cognitivo leve por quase dois meses e revelou que a musculação, praticada duas vezes por semana, ajudou a proteger o cérebro contra a atrofia e melhorou a saúde dos neurônios. Além disso, os participantes tiveram ganhos em massa muscular e redução de gordura corporal, reforçando os benefícios do exercício físico de forma ampla.

A prática regular de exercícios reduz a incidência de doenças crônicas, aumenta a expectativa e melhora a qualidade de vida. No entanto, o sedentarismo continua sendo um grande problema de saúde pública, afetando todas as faixas etárias.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçam essa afirmação. Segundo a entidade, entre 2020 e 2030, quase 500 milhões de pessoas poderão desenvolver doenças cardíacas, obesidade e outras condições associadas ao sedentarismo.

Recomendações da OMS

A OMS recomenda que crianças e adolescentes pratiquem pelo menos 60 minutos diários de exercício moderado, mas cerca de 80% não atingem essa meta, principalmente devido ao tempo excessivo de tela. Para adultos, a indicação é de 150 minutos semanais de atividade aeróbica moderada, combinados com exercícios de força, enquanto idosos devem focar em equilíbrio e flexibilidade para prevenir quedas.

A prática de atividade física varia conforme a idade e o contexto social. Jovens adultos (18-35 anos) são mais ativos, especialmente os que têm acesso a academias e esportes, mas a adesão cai com a entrada no mercado de trabalho. Entre adultos acima de 60 anos, a frequência diminui devido às responsabilidades familiares e profissionais, sendo maior entre aqueles com mais acesso a espaços de lazer. Já os idosos enfrentam desafios como dores articulares e mobilidade reduzida, mas demonstram crescente interesse por pilates, yoga e musculação. No recorte de gênero, homens praticam mais esportes estruturados, enquanto mulheres são mais ativas em caminhadas e tarefas do dia a dia.

Benefícios da atividade física

A atividade física reduz o risco de infarto, AVC e hipertensão, além de melhorar a função endotelial e o controle do colesterol. A prática também previne doenças metabólicas, diminuindo a resistência à insulina e o risco de diabetes tipo 2. No controle do peso, ajuda a reduzir a obesidade, enquanto, na saúde mental, alivia ansiedade e depressão pela liberação de endorfina e serotonina. Para ossos e músculos, aumenta a densidade óssea, previne a osteoporose e fortalece a musculatura, reduzindo quedas e fraturas. Além disso, fortalece a imunidade e pode elevar a expectativa de vida em até seis anos.

Começar devagar, com pequenas mudanças diárias, como caminhadas de 10 minutos, e optar por atividades prazerosas, como esportes coletivos, dança, pilates ou musculação, para aumentar a motivação. O uso da tecnologia, como aplicativos e relógios inteligentes, auxilia no monitoramento do progresso, enquanto a prática em grupo com amigos ou familiares favorece o engajamento e a continuidade.

Maxlânio de Azevedo – Clínico geral do Hospital Semper