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Hoje caracterizada como uma doença pelo CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde), a obesidade já é um problema de saúde pública e vem aumentando significativamente a cada ano. Projeções do artigo ‘Time trends and projected obesity epidemic in Brazilian adults between 2006 and 2030’, publicado em julho na Scientific Reports, mostram que até o final desta década, 28,67% da população, em Belo Horizonte, será diagnosticada com a enfermidade. A estimativa foi compilada por pesquisadores da UFMG e de outras instituições brasileiras e internacionais, por meio de dados da pesquisa Vigitel, coletados por entrevista telefônica entre 2006 e 2019 com 730.309 participantes.
Entre as capitais com maior estimativa de prevalência de obesidade até 2030, Manaus lidera o ranking com 35,8%, seguida por Cuiabá com 34,9% e Rio Branco com 32,8%. Já as que figuram com menor porcentagem são Florianópolis (23%), Palmas (23,8%) e Curitiba (24,9%).
A nível nacional, o estudo revela ainda que até 2030, 68,1% da população brasileira deve estar com sobrepeso, ao passo que 29,6% com obesidade e 9,3% com obesidade classes II e III.
Os números são, sobretudo, extremamente preocupantes, visto que a obesidade é uma condição de caráter multifatorial, ou seja, é considerada fator de risco para diversas outras doenças, como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, além de problemas respiratórios, como a síndrome da apneia obstrutiva do sono, e problemas físicos decorrentes da sobrecarga nas articulações, como artrose. A obesidade também predispõe os pacientes à refluxos gastroesofágicos, cálculo na vesícula e até mesmo a alguns tumores.
Diagnóstico e tratamento
A obesidade é diagnosticada mais comumente através do cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC), feito da seguinte forma: divide-se o peso (em Kg) do paciente pela sua altura (em metros) elevada ao quadrado. De acordo com o padrão utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quando o resultado fica entre 18,5 e 24,9 kg/m2, o peso é considerado normal. Entre 25, e 29,9 kg/m2, há um quadro de sobrepeso, e acima deste valor, a pessoa já é considerada obesa.
Ainda conforme a magnitude do excesso de peso pode-se, de acordo com o IMC, classificar o grau de obesidade do paciente em: obesidade leve (classe 1 – IMC 30 a 34,9 kg/m2), moderada (classe 2 – IMC 35 a 39,9 kg/m2) e grave ou mórbida (classe 3 – IMC ≥ 40 kg/m2). Essa classificação, aliás, é importante na escolha do tipo de tratamento, que primordialmente deve se basear na reeducação alimentar. A dieta é um componente essencial e deve ser aliada à prática de atividades físicas, de lazer e boa qualidade do sono. São esses, por sinal, os pilares que regem os princípios de uma vida saudável. Vale destacar ainda que a vontade do paciente em mudar sua situação e o apoio de amigos e familiares é fundamental.
Por fim, gostaria de enfatizar também a necessidade de as pessoas entenderem que não há tratamentos rápidos ou milagrosos para tentar reverter um quadro de obesidade, pelo contrário: as crenças de imediatismo acabam, na verdade, sendo obstáculos para as terapias corretas e assertivas.
Por ser uma condição, muitas vezes crônica, há pacientes que terão que se tratar de forma contínua e gradual, sempre com disciplina e, principalmente, com médicos e especialistas do ramo.
Rodrigo Lanna, cardiologista