Central de Atendimento
Nos últimos três meses, o Hospital Semper, em Belo Horizonte, realizou cerca de 40 gastroplastias, conhecidas popularmente como cirurgias bariátricas. O número é 166% maior do que o registrado entre março e junho deste ano.
O expressivo aumento nas cirurgias bariátricas pode estar diretamente relacionado à compulsão alimentar, uma vez que essa condição leva à obesidade severa e é uma das principais razões pelas quais muitos pacientes recorrem ao procedimento.
A compulsão alimentar é um distúrbio psíquico que leva à ingestão excessiva de alimentos até a sensação de plenitude. Esse comportamento está associado a alterações psíquicas e ao prazer oral, resultando em um ciclo de felicidade inicial seguido de tristeza e arrependimento, e, em alguns casos, depressão, criando um ciclo de sensações que termina com o arrependimento por não ter controlado a ingestão alimentar.
Após uma cirurgia bariátrica, o paciente pode desenvolver esse distúrbio, especialmente se não receber acompanhamento psicológico ou psiquiátrico adequado. No pós-operatório, pacientes podem enfrentar crises alimentares devido à fragilidade causada pela obesidade, tornando essencial a orientação adequada e o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, incluindo cirurgião, psicólogo e endocrinologista, para identificar e tratar a compulsão alimenta.
Fatores emocionais e psíquicos contribuem para a compulsão alimentar no pós-operatório. A pressão para perder peso pode causar instabilidade psíquica, levando o paciente a questionar sua escolha e se conseguirá atender às expectativas. Isso pode afetar a dieta e a atividade física, resultando em episódios de compulsão. Portanto, é crucial que o paciente receba acompanhamento psicológico ou psiquiátrico e tenha a presença constante do cirurgião, especialmente no primeiro ano após a cirurgia, para um pós-operatório mais tranquilo.
Sobre o tratamento do transtorno, é essencial reconhecer e buscar ajuda para as crises compulsivas. Os pacientes frequentemente tentam ocultar esses episódios, tornando a orientação pré-cirúrgica ainda mais crucial. A terapia comportamental e a psicoterapia são eficazes na identificação e manejo das crises, e alguns medicamentos podem ajudar a controlar a compulsão. Além disso, o paciente deve manter consultas com a equipe multidisciplinar, incluindo cirurgião, psicólogo, psiquiatra e endocrinologista, pois essa orientação contínua é fundamental para apoiar a jornada de mudança, que é radical e desafiadora.
Dyker Paiva, cirurgião